domingo, 7 de agosto de 2011

Rock Solidário 05/08/2011

Dia 05 de agosto de 2011 ocorreu um dos eventos que tinha tudo pra ser um dos mais legais do ano. Um evento que reuniria algumas das principais promessas do Rock Gaúcho para os próximos anos, com um valor de ingresso acessível, uma causa nobre como motivação e atenderia um público que não costuma ver em sua cidade festivais de Rock neste nível.
Pois então, faltou muito pouco para que essa proposta se tornasse realidade em sua plenitude e vou expôr abaixo alguns fatos que marcaram essa noite:

O ônibus estava no local combinado na hora combinada no centro de Porto Alegre partindo pouco depois das 21hs em direção a Cachoeirinha. Nele vieram eu, juntamente com a galera da banda SBL (Sociedade Bico de Luz) e alguns amigos da Morales Again(banda que eu toco) e também amigos da SBL.

Chegamos na NEXT pouco antes das 22hs, os músicos entraram e foram jantar enquanto a público já aguardava do lado de fora da casa. Havia na programação um coquetel open bar das 22hs às 23hs, porém, a direção da casa não permitiu a abertura das portas antes das 23hs. Quando abriu, o coquetel não durou mais que 20 minutos.

Apesar das duas primeiras falhas, o público ainda estava muito animado para uma grande noite de Rock que estava recém por começar! Porém, outros pequenos problemas começaram a se fazer presentes. No princípio, estavam barrando menores de idade e só após a intervenção da organização, que os funcionários da casa passaram a aceitar a entrada de menores (acima de 16 anos). Também percebi funcionários da casa abordando os clientes que estavam de boné e pedindo para que os retirassem, mais uma vez, a organização se fez presente para que estes inconvenientes não se repetissem. Havia um acerto em contrato para que fosse permitido bonés para este evento. A casa os proíbe em regra geral.

Cerca de meia hora após a abertura das portas sobe ao palco a Cacofones. Única banda da região, os guris mandaram muito bem na sua proposta de rock com influência de bandas como Strike, Coei o Limão e gringas, como Blink 182 e Ramones. Na minha opinião, tocaram muitos covers, mas conseguiram manter o público bem agitado abrindo algumas rodas punk.

Depois foi a vez da Radiocore, com um instrumental impecável e uma apresentação muito segura e profissional! Chamou a atenção a harmonia entre o clássico "bateria, baixo e guitarras" e um teclado, que usado de forma bem criativa, deu uma sonoridade bem diferente do que se costuma escutar e "ver" por aí. Jamais abandonando o Rock! Encontrei bastante influência de Fresno em algumas músicas... Ficou com cara de um "New Rock". Da pra ver que os guris tem muita capacidade, são ótimos instrumentistas e se não se prenderem a tendências, podemos esperar qualquer coisa deles! E isso pode ser bem interessante...

Então foi a vez da Sociedade Bico de Luz.
A SBL estava apresentando seu novo Guitarrista e fez um baita show, como é de costume. Tinha seu público fiel delirando e cantando junto TODAS músicas bem à frente do palco e uma galera bem interessada que se aproximou pra ver melhor quem eram aqueles caras vestidos como se tivessem saído dos anos 60 direto para o palco do Rock Solidário. A apresentação contou com o já tradicional bom humor, característica marcante nas apresentações da banda, e também com duas versões de clássicos do Rock Gaúcho.
O primeiro foi "Sob um céu de blues", dos Cascaveletes, mas executada com uma energia contagiante, bem diferente do clássico violãozinho deprê do hino dos bebuns apaixonados!!! Ainda teve "Dia Especial" da Cidadão Quem. Música executada comigo no palco e também com o Becker (organizador e idealizador do evento). Era uma maneira de mostrar o quanto aquele dia era especial para todos os envolvidos (organização, bandas e público). Era pra ter sido a última música, mas a galera pediu mais e a SBL fechou com "Suplementos Alimentares". Mais uma música que contou comigo no palco, dividindo os vocais com o Igor.

A Doyoulike? fez um show diferente do que é seu tradicional e tocou o álbum "Coleção" na íntegra e na ordem. A tradicional entrega no palco e a execução impecável das músicas, aliada a energia que só o "ao vivo" proporciona, era mais que suficiente para atender os fãs presentes. Teve seu ponto alto na música "Bom Dia" e finalizaram com a belíssima "Coleção". Eu senti falta das músicas do Uncano, que dão uma energia muito boa pro show, mas estava satisfeito por entender a proposta em tocar todo o álbum em que estão em turnê. O show foi dedicado à Bel, que esta produzindo agora os shows dos guris. Sorte e sucesso neste novo momento!

Deste momento em diante, a mágica do Rock Solidário se perdeu...
Após a Doyoulike? sair do palco, a equipe de som começa a recolher os equipamentos e pedem pra Ladros sair do palco, impossibilitando que eles liguem seus equipamentos. No mesmo instante, Marcos Klingmann é retirado das Pic-Ups e já sem som, as luzes são acesas. Ainda faltavam tocar a Ladros e a Morales Again...
Com a situação como estava, eu Vitor e Jonas (ambos da Ladros) saímos da frente do palco e vamos ao andar de baixo encontrar o organizador, Wilian Becker, para entender o que estava acontecendo. Becker ficou tão surpreso quanto nós e então fomos todos juntos; Eu, Vitor, Jonas e Becker procurar o Adriano que é proprietário da NEXT.
Após encontrarmos o Adriano, ele argumenta que mandou desligar tudo porque não havia dado o retorno financeiro esperado. Apesar da resposta, todos estão calmos buscando argumentar com ele para que se liguem os equipamentos e se possa finalizar as apresentações, em respeito as pessoas que vieram de Porto Alegre e Esteio para ver os shows.
Quando chegamos em frente ao palco, nos deparamos com um público que não havia arredado o pé e gritava pela Ladros. Frente a situação e nossos argumentos, ele perde as estribeiras colocando as mãos no meu peito dizendo: "Vamos encerrar esse assunto agora ou vocês vão ver o que vai acontecer".
Logo em seguida o Becker vai com o Adriano para um lado tentar acalmar as coisas. Poucos instantes depois, o Tucano, da Morales Again está falando com alguém sobre o ocorrido quando é agredido pelas costas por um segurança e logo em seguida já tem 3 sobre ele. Eu vejo a cena e corro pra pedir que por favor larguem ele pois ele não havia feito nada. Neste instante eu sou empurrado pelo Adriano, dono da NEXT, e outros dois seguranças me agridem, um deles pelas minhas costas. Vejo eles agredirem outro rapaz que estava próximo.
Correria a minha volta e após algumas pessoas nos cercarem, o segurança me larga. Deste instante em diante passo a ter uma única preocupação, juntar as pessoas que vieram comigo e ir embora.
Alguns minutos depois, não há praticamente ninguém dentro da casa. Já do lado de fora, dezenas de pessoas vem nos cumprimentar e demonstrar apoio. Outros estão filmando e se apresentam pra colocar suas imagens a nossa disposição. Mais uma vez o dono da casa se aproxima e desta vez, tenta pegar a câmera de alguém que estava filmando. Só não conseguiu porque cercamos a pessoa para protege-la, em seguida, um dos seguranças se aproxima e debocha do rapaz que segue filmando a tudo isso.

Quem ainda não tinha ido embora começa a sair pensando em evitar uma cena pior, enquanto organizo o pessoal pra dentro do ônibus para voltarmos à Porto Alegre. Quando todos estão dentro do ônibus, lembro que o pessoal da Ladros ainda estava do lado de fora e sem a Van para voltarem para Esteio. Então, saio sozinho do nosso ônibus e entro no estacionamento da NEXT para chama-los para vir conosco. Lá eu encontro o Becker e o Marcos Kligman junto com eles. Fica acertado que a galera da Ladros (banda e amigos) vai ir conosco no ônibus e que o Becker levaria o Marcos para casa, de carro.
Na saída da NEXT, um dos seguranças, que estavam todos juntos em frente a porta da casa, grita pra mim: "Eu te conheço, tu fez briga aqui numa outra festa e quebrou toda uma vidraça nossa". Eu olho pra ele e respondo: "Nunca tinha pisado aqui antes de hoje". E depois dessa todos entram apressados no ônibus que logo em seguida arranca rumo à Porto Alegre.
Ficou bem claro, que se tivéssemos demorado um pouco mais, eles teriam criado alguma situação qualquer pra que houvesse ainda mais confusão e abusos.

E dessa forma fatídica e ridícula, terminou uma noite que tinha tudo para ser especial.
A sequência dos acontecimentos será vista nas ações que serão movidas pelas partes envolvidas, pelas meios de comunicação que vão noticiar o ocorrido e etc...

Até agora me sinto mal pelas pessoas que convidei para o evento e tiveram de presenciar esse tipo de situação...

Eu toco com banda desde 1999 e não sei precisar quantos shows fiz e em quantas cidades com a Aneurisma, Stereótipos e Morales Again. Dos festivais que organizei e outros tantos que fui assistir, simplesmente jamais tinha visto ou presenciado algo como este ocorrido.

Espero de coração que as péssimas atitudes provindas da equipe NEXT não manchem o evento "Rock Solidário" em futuras edições. A essência que moveu tantas pessoas em convergência à essa causa, deve se manter intacta e ainda mais reforçada!

Nota:
* A NEXT não permitiu que fossem levados pelo organizador os alimentos doados. Ou seja, a casa noturna reteve até a noite de domingo (quando estou escrevendo agora) os alimentos das doações. Informação dada por Wilian Becker.

Thiago Floriano Barbosa.
07/08/2011